Texto retirado da Cinequanon escrito por Cid Nader
"Daniel Ribeiro parece estar tomando um rumo panfletário em defesa da causa homossexual. Foi assim no seu hiper-sucesso anterior, “Café com Leite”, e é assim, novamente, em eu Não Quero Voltar Sozinho”. O “problema” é que ele entende de cinema, e, por mais que seus filmes se “manifestem” como obras de características propagandísticas, o resultado vem sempre pela constatação de trabalhos bem concretizados e de forte apego ao bom modo de confecção.
Esse novo é mais leve no modo de tocar o assunto e, como já havia acontecido no outro, não se atém somente a ele como mote condutor. No anterior, as cenas de carinho entre jovens adultos causava uma certa comoção (misto entre incômodo e curiosidade manifestada claramente) na plateia. Neste, não há cenas impactantes como peça de propaganda – o único momento em que acontece “algo” é tão ligeiro como um piscar de olhos -, mas há reações do espectador. Neste, Daniel se arma de esquematismos fáceis que indicam aonde o filme irá chegar (as primeiras perguntas de Leonardo, um garoto cego, a Giovana sobre as características de Gabriel já vem “banhadas” de compreensões sobre o futuro da trama; o esquecimento de um moleton; um aniversário de uma tia..), o que poderia comprometê-lo. Na realidade, compromete um pouco, sim.
Porém, quando se constata o resultado, quando se amplia a visão e nota-se que há mais do que “somente” a panfletagem, percebe-se que o filme fala, também, de carinho e descobertas na adolescência. Descobre-se a razão da reação positivíssima da plateia (como ocorria sempre com “Café com Leite”) que o assistiu, e consegue-se notar que Daniel tem um dom raro (não fruto do acaso) para a comunicação com o público. Acho, ainda, o filme anterior superior, mas talvez mude de idéia, já que, no caso daquele, transformei meus conceitos cada vez que o revia."
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